Aos 30 anos, Escola de Aplicação Feevale mira o século 21 | Universidade Feevale

Aos 30 anos, Escola de Aplicação Feevale mira o século 21

15/03/2019 - Atualizado 13h39min

Olhar visionário pauta a trajetória da instituição desde o seu surgimento

Escola de Aplicação Feevale está completando três décadas de existência, e a jovialidade não impede que ela se destaque por desenvolver uma proposta pedagógica diferenciada das demais instituições do Vale do Sinos. Há um olhar visionário pautando a sua trajetória desde a criação, que ocorreu em um primeiro momento a partir de demandas das indústrias da região e depois fruto de um movimento nascido entre os pais da comunidade de Novo Hamburgo e da região. No início da noite desta quinta-feira (14/3), uma cerimônia reuniu alunos, ex-alunos, professores de várias gerações e familiares para celebrar a data.

O presidente da Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo (Aspeur), Roberto Cardoso, salientou que “nossa escola é um espaço diferenciado de ensino, preparada para o século 21”. Na sequência, a professora Janine Vieira, que assumiu a direção em janeiro deste ano, comentou alguns planos, entre eles a realização de encontros com os pais para discutir e refletir questões que acontecem em casa e o aprofundamento da relação com universidades da Finlândia que mantêm convênios com a Feevale. Ao final de sua fala, a diretora apresentou a nova identidade visual da escola.

Um dos momentos mais emotivos da cerimônia ocorreu quando Gecy Maria Fritsch Klauck, mãe de Maíra Klauck, que se formou na escola em 2013, fez um depoimento sobre os dez anos que sua filha permaneceu na instituição. Após tentar matricular a filha, que tem síndrome de Down, em mais de 30 escolas, conseguiu vaga apenas em outro município. Quando a então diretora da Escola de Aplicação Feevale soube da situação, ofereceu uma vaga. “Aqui não existe escolhas, todos são diferentes”, reconheceu Gecy.

O reitor da Feevale, Cleber Prodanov, lembrou que a escola tem uma trajetória curta, mas ao mesmo tempo longa, intensa, e destacou a importância de se comemorar o aniversário com amigos e a comunidade. “Amamos a diferença, a diversidade, a educação”, disse. “Parabéns aos que construíram esta história. Vamos nos manter firmes nessa caminhada olhando o século 21.” Ao convidar todos para cantar o Parabéns a você, Prodanov chamou crianças que estudam na escola para apagar as velas.

Escola inovadora

Um importante diferencial da escola é o fato de ela estar inserida no contexto da Universidade Feevale, que neste ano completa meio século. “Sendo uma escola inovadora, ousamos currículos diferentes e novas metodologias”, afirma Janine.

Os cerca de 750 alunos usufruem da estrutura física, dos recursos humanos e materiais e das propostas de ensino da universidade. São ambientes vivos, modernos, com tecnologia de ponta, que atendem às necessidades dos alunos do século 21. Laboratórios, ateliers, bibliotecas, museu, pinacoteca e espaços ao ar livre, entre eles campo, mata e horta, fazem parte da vida do estudante desde o início de sua trajetória. Outro elemento de destaque, com influência imediata na visão pedagógica da escola, é o seu espelhamento para com a educação de maior referência do mundo: a da Finlândia.

“A existência da escola de aplicação é extremamente importante tanto para a universidade quanto para a escola”, avalia o reitor da Universidade Feevale, Cleber Prodanov. Nela, é possível integrar o que a universidade tem trabalhado – principalmente na questão da formação de professores – com as necessidades reais da vida dos estudantes e professores. “Ao mesmo tempo em que se apoia quem está aprendendo e se formando professor, ocorre a transferência de tecnologia e conhecimento inovador para alunos da escola através da própria universidade”, destaca o reitor.

Algumas das principais características da Escola de Aplicação Feevale são a organização do ensino por ciclos de formação, o caráter inclusivo e a abordagem das habilidades e competências através de metodologias ativas e colaborativas. A escola conta com turmas de Educação Infantil, de Ensino Fundamental, de Ensino Médio e cursos técnicos (Técnico em Informática para Internet e Técnico em Publicidade).

Organização por ciclos

A organização por ciclos favorece a continuidade da trajetória do aluno, de maneira a respeitar o processo de desenvolvimento e de aprendizagem de cada um. A partir dessa perspectiva, a organização temporal da escola insere-se em um processo de reavaliação contínua das práticas pedagógicas, levando em consideração as características, o ritmo, os interesses e as histórias de vida dos alunos, com vistas à construção e ao desenvolvimento de um projeto coletivo. “Não somos uma escola de ensino tradicional”, pondera a supervisora administrativa, Gisele Câmara. “Queremos que nossos estudantes sejam autogestores e aprendam para a vida, tenham opinião e se posicionem.”

Um ciclo é formado por etapas que correspondem a um ano. No Ensino Fundamental, há quatro ciclos: o 1º com três etapas e os demais cada um com duas, totalizando nove anos. O Ensino Médio é composto por dois ciclos: o 1º com duas etapas e o 2º com uma. A avaliação é processual, permanente e contínua.

Aprendizagem

A aprendizagem ocorre por meio de resolução de problemas durante as aulas diretas, workshops, pesquisas e projetos acordados com os estudantes. O currículo é organizado a partir da Base Nacional Comum Curricular e “proposto de forma diferenciada, a partir de vivências e experimentações”, salienta Janine. O planejamento ocorre para além das áreas, de maneira que professores de formações distintas compartilham as mesmas atividades em salas e espaços que apresentam diferentes configurações e propósitos. O aluno transita por ambientes variados, o que contribui para o aprendizado.

A Educação Infantil e as etapas iniciais do Ensino Fundamental ocorrem nos turnos da manhã e da tarde com um professor de referência. A partir do 3º ciclo, as turmas contam com professores de diferentes áreas em uma perspectiva interdisciplinar. Um docente é responsável pela mentoria de grupos de alunos e se reúne para planejar, organizar e acompanhar as atividades. Isso permite que haja um olhar personalizado e que seja valorizada a bagagem do aluno, pois cada um possui um jeito e um tempo diferente para aprender.

Os materiais são preparados com diversas fontes de pesquisa, a partir das necessidades e habilidades a serem desenvolvidas. Conforme o professor Claiton de Oliveira Pokorski, os professores propõem e mediam, e os alunos agem, vivem, experimentam e sentem porque são sujeitos ativos e criativos. A arte, o lúdico, a criatividade, o encantar-se – tudo isso faz parte e é estimulado em todas as atividades. “O planejamento de hoje não pode ser o mesmo do ano passado, precisa ser atualizado e ressignificado”, explica Pokorski.

Autogestão

Há estímulos para que o aluno desenvolva autogestão e criatividade e para que todos sejam incluídos. “Para criar autonomia, é preciso espaço e experiência”, ressalta Pokorski. As atividades desenvolvidas podem ter durações diferenciadas, de acordo com o que foi planejado, portanto, na escola inexiste uma sirene com toques programados para dividir períodos. “O que importa é não interromper o processo de aprendizagem, e dessa maneira se rompe com o modelo fabril que existe em escolas tradicionais”, compara Pokorski. “O estudante é preparado para aprender sempre, para toda a vida, porque o aprendizado ocorre em todos os momentos, em todos os espaços e com todas as pessoas.”

A inclusão é uma política permanente na escola. Alunos com necessidades educacionais especiais são inseridos em turmas regulares e integrados a todos os processos. Quando necessário, contam com o apoio de um dos 30 auxiliares de ensino, que são acadêmicos de Psicologia ou de alguma das licenciaturas da universidade que fazem estágio remunerado na escola.

Finlândia

Nos últimos 13 anos, a Feevale mantém uma intensa relação com universidades da Finlândia, traduzida em pesquisa e aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem. O foco incide em avanços dos projetos educacionais e em práticas inovadoras, prevendo a preparação de professores para que possam adotar metodologias e tecnologias de trabalho das instituições finlandesas. Conforme Prodanov, a parceria com a Finlândia é para mudar o conceito da questão do ensino na Feevale em todos os níveis, incluindo a escola de aplicação, tendo no centro do processo o aluno e sua relação com o professor.

No Brasil, a Feevale foi pioneira no relacionamento com universidades da Finlândia: em 2006 com a Häme University of Applied Sciences (Hamk) e, em 2008, com a Universidade de Tampere. A intensificação da relação entre essas instituições originou em 2016 um acordo trilateral, Beyond: Alliance for Knowledge (BAK). O principal objetivo desta aliança é ampliar ações para educação internacional.

A diretora da Escola de Aplicação Feevale observa que, no país nórdico, não há uma linha única, o que é positivo, pois ter apenas uma metodologia ou uma filosofia específica não dá conta das necessidades. Janine destaca que a Finlândia exalta a diferença nos modos de ser e de aprender. “Nisso, somos parecidos”, compara. “Temos professores diferenciados e qualificados que aplicam diversas ferramentas metodológicas no processo de aprendizagem e ensino.”

Internacionalização e empreendedorismo

Em uma escola que vive o século 21, a sala de aula é o mundo, pois não há fronteiras para o conhecimento de diferentes culturas e realidades. Por conta dessa perspectiva, o aprendizado de inglês e espanhol ocorre em todas os ciclos, o que potencializa a comunicação internacional através do estudo de línguas estrangeiras. Os estudantes também são estimulados a terem experiências em outros países. Para que a inovação seja uma prerrogativa dos alunos, a escola propõe, em parceria com a universidade, eventos que promovem o empreendedorismo de maneira pedagógica e desafiadora, entre eles o Startup Teens.

A pró-reitora de Ensino da Feevale, Angelita Renck Gerhardt, afirma que incentivar os alunos a pensar soluções para problemas mundiais ou da sua rua ou cidade, assim como a buscar novos repertórios de conhecimentos, habilidades e atitudes, permitirá o desenvolvimento de competências que serão exigidas dos futuros profissionais. “Não formamos um estudante para o contexto atual, apenas, mas para aquele que encontrará em cinco, dez ou 15 anos”, salienta. “Buscamos, com as famílias, educar sujeitos capazes de criar, inovar e evoluir.”

Histórico

A trajetória da Escola de Aplicação Feevale começou no dia 27 de fevereiro de 1989, quando foi criada a Escola de 2º Grau Feevale, para o funcionamento de três cursos: Formação Técnica de Desenhista de Calçados e Acessórios; Contabilidade; e 2º Grau como formação geral. No início, era um espaço de aplicação para os acadêmicos dos cursos de Pedagogia, de Educação Física e de Educação Artística, possibilitando, também, os estágios exigidos pelas licenciaturas.

O ano letivo de 1989 iniciou-se em 1º de março, com 14 professores e 117 alunos. No dia 19 de junho, ocorreu a fundação do Grêmio Estudantil. Cinco anos depois, a Escola de 1º Grau entrou em funcionamento, no dia 28 de janeiro de 1994, fruto da mobilização de um grupo de pais. No princípio, havia uma turma de Jardim de Infância e outra de 6ª série, conforme previsto no projeto de implantação gradativa das séries.

Atendendo a demandas da comunidade, em 12 de agosto 1998 a escola aprovou no Conselho Estadual de Educação a criação dos cursos técnicos em Publicidade e em Processamento de Dados. Em 23 de dezembro, ocorreu a união das duas unidades, formando-se o Centro de Ensino Médio Feevale, que passava a ser administrado por uma única equipe diretiva. A escola recebeu esta denominação, pois a Unidade de Ensino Médio funcionava no Câmpus II e a Unidade de Ensino Fundamental, no Câmpus I.

Nesse período, além da mudança de nome, a escola optou pela organização curricular por ciclos de formação, fazendo alterações na proposta de trabalho e, fundamentalmente, na avaliação, investindo na educação inclusiva. Mais tarde, por razões estruturais e de operacionalização, a escola passou a funcionar em prédio único, no Câmpus I.

Em 2003, o Centro de Ensino Médio passou a ser denominado Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação. Em 2007, atendendo à Lei federal Nº 11.274/2006, que determina a duração de nove anos para o Ensino Fundamental, a escola alterou a organização curricular. Também reformulou os currículos dos cursos técnicos oferecidos até então, passando a oferecer as duas opções atuais.

Neste ano em que completa três décadas, a instituição passa a se chamar Escola de Aplicação Feevale.

Confira fotos do evento:

30 Anos Escola de Aplicação Feevale
 

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